terça-feira, 3 de abril de 2012

Subproduto que polui o meio ambiente será usada para gerar energia


A vinhaça passará a ser utilizada como matéria-prima e vai gerar até 1600 MW de energia limpa em Pernambuco

Em Vitória de Santo Antão, no interior de Pernambuco, toda a vinhaça produzida pelas usinas de cana-de-açúcar da região está prestes a virar energia limpa. A iniciativa é da Cetrel e do Grupo JB, nesta próxima quarta-feira (04/4) inauguram a primeira indústria produtora de bioenergia a partir deste subproduto, resultado da fabricação de etanol. Para cada litro de álcool produzido, 12 litros de vinhaça são deixados como subproduto.

A fábrica fica na unidade industrial da Companhia Alcoolquímica Nacional, do Grupo JB. Na fase inicial do projeto, a geração de energia vai utilizar 20% da capacidade total da empresa, que é de aproximadamente mil metros cúbicos de vinhaça por dia, o que corresponde a 0,85 MW de biogás. Ao todo, segundo a empresa, 612 MW serão comercializados no mercado livre por mês.

Em escala industrial, a operação de Vitória de Santo Antão terá sua capacidade ampliada em até cinco vezes, cerca de 4,5 MW.

Os parceiros apostam na eficiência e na qualidade do biogás, que é gerado através de uma tecnologia de biodigestão específica para a vinhaça e suas potencialidades. O biogás é composto, em média, de 80% de metano, o que lhe confere maior potencial de queima quando comparado a outras fontes de resíduos tradicionalmente usadas. Estas fontes, geralmente, contém de 50% a 70% de metano.

“Aplicamos os conceitos de biodigestão para desenvolver uma tecnologia específica e, deste modo, apresentar a vinhaça como uma excelente alternativa para produção de energia limpa no País”, afirma a gerente da área de bioenergia da Cetrel, Suzana Domingues. “Para termos a dimensão desse potencial, na safra 2010/2011 foram produzidos 25 bilhões de litros de álcool, o que corresponde à geração de cerca de 300 bilhões de litros de vinhaça. Este volume seria suficiente para gerar 1.600 MW, aproximadamente 45% da capacidade instalada de uma hidrelétrica como a de Jirau, com vantagem de produzir energia de forma descentralizada e sem impacto para o meio ambiente”, analisa Suzana.

José Carlos Beltrão, presidente do Grupo JB, destaca que a tecnologia pode ser aplicada em grande parte das 440 usinas sucroenergéticas do País, como fonte extra de energia alternativa, gerando receita. “Todo o setor sucroenergético segue a filosofia da sustentabilidade e tem um sério compromisso com o meio ambiente, com o desenvolvimento econômico do Estado de Pernambuco”, afirmou o executivo.

Segundo ele, outro benefício deste negócio são as diferentes aplicações do biogás rico em metano como combustível: em caldeiras na própria usina, ou indústrias próximas, como biogás veicular, após tratamento para atingir a especificação ou para produção de energia elétrica, através de motogerador ou turbina, como é o caso do produto na usina do Grupo JB.

É por conta dessas possibilidades que o projeto da unidade deve ser feito de forma customizada, considerando o interesse do empresário parceiro para o uso do biogás a ser gerado. “Primeiro entendemos as necessidades do empresário e estudamos as condições da vinhaça produzida na usina, depois definimos qual o projeto mais adequado em termos de escala e aplicação para obter uma estimativa do investimento”, explica Suzana. A gerente adianta, porém, que para ser economicamente viável, o volume de vinhaça disponível deve ser de, no mínimo, cinco a seis mil metros cúbicos/dia (5 a 6 mil m3/dia), a depender da aplicação e da qualidade do insumo.

fonte: A voz da Vitória

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