sábado, 12 de fevereiro de 2011
O PAÍS DO CHEQUE ESPECIAL
Banco Central atesta o que todos já sabiam: o brasileiro passa 22 dias do mês com as contas no ´vermelho`
Dois patinhos na lagoa, também conhecidos como 22. Acredite: esse é, em média, o número de dias que o brasileiro passa com a conta no vermelho por mês. De acordo com dados da última Nota de Política Monetária do Banco Central, referentes ao período entre março e dezembro de 2010, os correntistas só conseguem passar pouco mais de uma das quatro semanas sem utilizar o limite do cheque especial. O mais grave, dizem os especialistas, é que muita gente recorre a este ´dinheiro extra` sem ter consciência do que ele significa.
Se você está nesse grupo, é bom abrir os olhos. O limite do cheque especial, ao contrário do que muitos imaginam, não faz parte do orçamento do correntista. O economista João Cavalcanti, professor da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), explica que o valor, na verdade, é um ´empréstimo de aprovação automática, com taxa de juros muito elevada (de 6% a 10% ao mês)`. Taxa que se justifica, segundo ele, exatamente pela facilidade com que o crédito pode ser adquirido.
Na opinião de Cavalcanti, o cheque especial só deve ser utilizado em uma situação emergencial, quando for possível quitar o débito em pouco tempo. Não convém, portanto, passar muitos dias com esse tipo de dívida. ´Se isso acontecer, é melhor buscar um empréstimo com juros mais baixos, para cobrir o cheque especial`, diz.
A tática de buscar outros tipos de crédito vale, também, em situações menos emergenciais. Quando o dinheiro faltar, uma das melhores opções é o crédito consignado. A sugestão é do economista Josué Mussalém. ´Esta modalidade tem taxas de juros baixas, em torno de 2% ao mês, justamente porque oferece pouco risco à instituição credora. Ela recebe diretamente do patrão ou pagador de quem pediu o empréstimo, com desconto na folha de pagamento`, explica. O problema desta modalidade é o fato de ela, geralmente, comprometer entre 25% e 30% da renda.
Alerta
A divulgação de dados sobre o alto uso do cheque especial, para Cavalcanti, indica uma preocupação do Banco Central. ´O descontrole pode levar à inadimplência e, em grande escala, a um desastre econômico`, adverte.
A explicação é simples: se muitas pessoas fazem compras a prazo e não conseguem dar conta delas com os seus salários, podem buscar o cheque especial. Este, por sua vez, a longo prazo, será responsável pelo comprometimento de grande parte da renda. O resultado é a falta de pagamento das parcelas restantes.
Mais orientações
A taxa de juros do cheque especial só costuma ser mais baixa do que a do cartão de crédito. Pode ser o dobro da cobrada nos empréstimos pessoais.
Ninguém é obrigado a ter o cheque especial disponível na sua conta corrente. Quem não quiser correr o risco de se confundir ou cair na tentação pode solicitar a retirada deste item.
O cheque especial é contra-indicado, sobretudo, para as pessoas que têm dificuldades em manter o controle financeiro. Elas, muitas vezes, acostumam-se a pensar neste valor como parte da renda.
Até em situações de emergência, convém analisar a viabilidade do cheque especial. Alguns problemas podem ser resolvidos com o cartão de crédito.
É importante, no entanto, ter a garantia de que conseguirá quitar toda a fatura.
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