Em mais um capítulo da cruzada contra os juros altos, o Banco Central (BC) e o Ministério da Justiça lançaram ontem um documento em que aconselham os correntistas a procurar taxas mais baratas mesmo depois de ter fechado um contrato de crédito. A ideia do governo é incentivar a portabilidade dos empréstimos, ou seja, a transferência para instituições que ofereçam custos menores, acirrando ainda mais a competição entre os bancos.
“Mesmo após a contratação da operação de crédito, o consumidor pode continuar pesquisando as condições oferecidas no mercado, a fim de negociar sua dívida com uma instituição concorrente que ofereça condições mais favoráveis”, diz o texto.
Além de diminuir o custo financeiro das famílias, o BC quer aumentar a inclusão financeira das pessoas mais pobres. Para isso, traçou um plano para incentivar a entrada desses novos clientes no sistema financeiro e o acesso aos serviços bancários mais adequados para esse público. Uma das principais estratégias é usar pagamento pelo celular, já que aparelhos com linhas pré-pagas são um instrumento bem difundido nas classes mais baixas da população. Técnicos estudam um arcabouço legal para permitir esse tipo de operação no Brasil.
Durante o anúncio deste plano, a representante das Organizações das Nações Unidas (ONU) para a inclusão financeira no mundo e princesa dos Países Baixos, Máxima, disse que o país era um exemplo por causa dos correspondentes bancários. No entanto, lembrou que mesmo com a possibilidade de fazer transações financeiras em lotéricas ou padarias, 40% da população brasileira não têm conta em banco, segundo um estudo recente do Banco Mundial.
“Os pobres precisam de uma vasta gama de serviços financeiros e não apenas crédito”, alegou a princesa.
Já o vice-presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Wilson Levorato, afirmou que a entidade quer combater o superendividamento, mas acenou com uma boa perspectiva para o país. Segundo ele, a inadimplência no Brasil não tem motivos para aumentar ainda mais. E sua previsão é que o nível dos atrasos nos pagamentos deve cair daqui para a frente. “Não há sinal hoje de que a inadimplência continue crescendo”, disse.
Depois da crise com o governo por causa de críticas ao plano da presidente Dilma de reduzir o custo financeiro do país, a Febraban teceu elogios públicos ao Banco Central. “O Brasil era o país do futebol, hoje é o país dos bancos de primeira linha. Temos a melhor regulação do mundo. Elogio o BC que lançou a SR2 (a central de risco) mais uma ferramenta de controle. E ainda o cadastro positivo.”
Fonte: Diario de Pernambuco
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