Faz quase um mês que o governo anunciou que o BNDES liberaria R$ 1 bilhão para socorrer as vítimas das chuvas. Até agora, nada aconteceu“Dizem que vai ser hoje, amanhã, na próxima semana. O sentimento é de revolta. Todo mundo aqui está no sufoco, com funcionário sem receber, fornecedor cobrando. Tudo que têm feito é malabarismo”. É assim que o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Palmares, Luís Carlos Ferreira Lins, resume a maneira com que os empreendedores da Mata Sul que tiveram seus negócios destruídos pelas cheias de junho encaram mais um atraso na liberação do crédito de R$ 1 bilhão de ajuda prometido pelo governo federal há quase um mês, no dia 21 de julho.
O dinheiro que deveria ter começado a ser liberado ontem, mais uma vez, não veio.O Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) informou que só haviam sido liberados os créditos para quem utilizou o Banco do Brasil (BB) como agente financeiro.
No entanto, nenhum empresário contatado ao longo do dia de ontem pela reportagem do Jornal do Commercio havia recebido os recursos. Só às 19h20 a assessoria de imprensa do BB confirmou, através de uma nota oficial, que o dinheiro saiu, garantindo que hoje, R$ 2,219 milhões estarão disponíveis na conta corrente de 49 empreendedores. No entanto, 23 operações intermediadas pela Caixa Econômica Federal e 33 realizadas junto ao Banco do Nordeste continuam sem previsão.A promessa de que os recursos seriam disponibilizados a partir de ontem foi a terceira em menos de um mês. A primeira veio uma semana após o anúncio do pacote bilionário de reconstrução das economias de municípios pernambucanos – como Barreiros, Cortês, Água Preta e Palmares – e alagoanos devastadas pelas águas. Tudo porque, logo nos primeiros dias, o que era para ser ágil e desburocratizado se mostrou travado. Até título de eleitor do empresário foi solicitado para formalizar o pedido de financiamento, quando muitos sequer tinham carteira de identidade, pois perderam todos os documentos nas cheias.Foi quando o secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado, Fernando Bezerra Coelho, no dia 2 de agosto, informou que o governador Eduardo Campos havia enviado ao BNDES uma série de sugestões para acelerar as liberações. Dois dias depois, foram assinados 105 contratos, em um “ato” promovido na cidade de Palmares. Só que no dia seguinte, os empresários já começaram a desconfiar que o dinheiro iria demorar a chegar. Depois das primeiras reclamações, o gabinete de crise do governo estadual anunciou que as verbas seriam liberadas até o último dia 13. No dia 9, o chefe do Departamento Regional Nordeste do BNDES, Paulo Guimarães, anunciou medidas que reduziriam pela metade a espera pelos recursos.Só que veio o dia 13 e nada do dinheiro. “A expectativa, por todo esforço feito em acelerar o processo, era essa. Tudo foi feito para retirar o maior número de entraves. Existe uma visão muito negativa de burocracia, mas ela acontece para dar segurança a tudo que se está fazendo. Um dia é muito tempo para quem precisa, mas é preciso ter um pouco mais de paciência”, justificou o presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (AD Diper), Jenner Guimarães, representante do Palácio do Campo das Princesas para o assunto.
Rapidamente, o BNDES tratou de informar que o cronograma da instituição sempre fixou ontem, dia 16, como data de início dos desembolsos. Resta saber quando os primeiros 49 empresários vão mesmo encontrar a verba nas suas contas.
(Jornal do Commercio).
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